O assunto “Liberdade de expressão” por vezes suscita-me algumas dúvidas; Concordo que na área do jornalismo, esteja inerente a liberdade de expressão e os jornais serem o veículo de informação para o país e o mundo. Mas por vezes, eu noto que alguns jornais abusam da dita ‘liberdade’, ou seja, eles (estes) esquecem-se da responsabilidade e da ética que a profissão exige, e numa notícia acrescentam um ponto , uma vírgula, um facto novo, mesmo sem a investigação adequada (correta) sobre o acontecimento, por vezes com o intuito de terem aquele ‘furo jornalístico’ e assim serem os primeiros a dar a notícia ao público, e repito: sem a investigação apropriada, e por norma a rapidez é inimiga da perfeição.
Pergunto-me por vezes, onde começa a responsabilidade e onde termina a liberdade?! Ou então, onde começa a ética e onde acaba o abuso da liberdade de expressão?! Porém, há jornais e ‘jornais’, há o jornalismo sério e depois há também o jornalismo especulativo. Um, encara a responsabilidade de informar corretamente, e o ‘outro’ abusa da liberdade de expressão (com a finalidade de vender mais jornais nas bancas). Cabe ao público saber discernir qual é qual; e de onde este deve beber a informação veiculada (apresentada) a este.
Cada pessoa tem o livre arbítrio de consumir o tipo de jornalismo que preferir, mas de igual forma tem a responsabilidade de não distribuir a sua ‘verdade’ como sendo a única verdade disponível; têm de saber aceitar o facto de que existem dois lados, duas versões de cada história. Para podermos viver civilizadamente, em comunhão uns com os outros, e tentar não julgar ninguém, e aceitar a opinião alheia. Cabe à classe jornalística ter brio e ética profissional, para facilitar esse civismo e comunhão entre nós.
Eu, quando vejo a notícia acerca do nosso Ex-Primeiro-Ministro José Sócrates, no caso mediático “Marquês, assumo o ponto de vista que houve um abuso de privacidade, ao serem reveladas escutas (algumas certamente desnecessárias), a perseguição a ele e aos seus familiares e amigos; entretanto toda a especulação em redor do caso, eu tenho toda a liberdade de pensar e expressar a minha opinião consoante a minha avaliação do caso. Há muito ruido em torno desse caso, e a minha responsabilidade como cidadã é ter dúvidas, ser crente em relação a algumas coisas, e ser cética também. Mas fico chocada com a atitude lamentável de algumas pessoas que optam por ir ao local de residência, com toda a liberdade de se manifestarem, não contesto isso, mas daí acharem que podem insultar e ofender o próprio José Sócrates e os seus entes queridos, eu achei que o julgaram em plena praça pública, e na minha opinião, tem de haver a responsabilidade de ter a perfeita noção de que até que provem em contrário, a pessoa (o arguido) é inocente.
Acredito que o ser-humano seja livre de se manifestar pelos seus direitos (direito de ganhar mais dinheiro; direito a melhores condições de trabalho, etc…;), mas têm de ter o espírito de responsabilidade para com o próximo, e muitas vezes é aí que se julga em praça pública, sem se conhecer todos os factos.
Tenho a sensação de que ultimamente ‘condena-se’ o mensageiro e quem vendeu a arma para o assassino cometer o homicídio, e se o assassino tinha o costume de dizer: “Bom dia” / ”boa tarde”; este já era considerado boa pessoa, incapaz de cometer um acto horrendo.
A história é só uma, e apenas uma; contudo, após percorrer os ouvidos e boca de muitas pessoas, transforma-se em duas (ou mais) histórias diferentes. Alguém no outro dia, disse que eu disse algo, que eu francamente não me recordo de dizer, e essa pessoa tem a liberdade de achar o que quiser de mim, mas o problema é que esta pessoa teve a enorme irresponsabilidade de dizer o que achava de mim e assim criou histórias acerca de mim, usando o meu nome, e sem eu estar presente, retirando-me assim a opção de defesa. Ela não gosta de mim, e eu não gosto dela, e isso é um ponto assente; mas isso não lhe dá o direito de usurpar o meu bom nome e boa reputação, e sem me dar a oportunidade de me defender.
Resumindo e concluindo, se todos nós soubermos onde cabem os parâmetros da nossa liberdade e da nossa responsabilidade, todos nós viveríamos num estado de pacatez absoluta, e em comunhão com o nosso livre arbítrio.
© Copyright Articles by Sílvia dos Santos
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